domingo, 22 de julho de 2012

Wyst - a rede social que mistura Instagram, Facebook e Foursquare


Aplicativo criado por mexicanos já tem quase 40 mil usuários, conquistados só na base do boca a boca; rede se transforma conforme você anda pela cidade

por João Mello
Editora Globo
Yago e Iker: pela primeira vez compartilharemos online nossas memórias de lugares offline //Crédito: Divulgação
Todos os lugares de uma cidade foram palcos de acontecimentos únicos: uma praça, um palácio, uma esquina. Não importa se a calçada que você acaba de pisar foi cenário da declaração de independência de um país ou o local em que uma pré-adolescente deu seu primeiro beijo. Cada pequeno evento fez aquela calçada ser o que é.
Tudo isso é muito bonito, mas nunca passou de utopia. Como saber esse tipo de coisa? Uma rede social com menos de um ano de existência promete tornar realidade essa ideia, partindo de uma premissa tão simples quanto ambiciosa: fazer do mundo uma enorme rede social.
O nome do aplicativo é Wyst, criado pelos jovens mexicanos Iker e Yago. Aplicativo pois o Wyst não é destinado à essas máquinas antiquadas, enormes e, sobretudo, imóveis chamadas de computador. Com o Wyst, usuários podem taguear fotos ou textos que lançam luz a essas histórias. Ao costurar todas elas, assim que um usuário da rede social passar pelo local, ele saberá de tudo o que já aconteceu ali. Como tudo é baseado no local que você está, nada mais natural que usar o conceito de aplicativo para mobile. A dupla teve a ideia ao visitar uma exposição de arte. Depois de algumas semanas, a exposição acabaria e ninguém que passasse por ali teria noção da beleza do evento que estava diante dos seus olhos. Eternizar o momento. Esse é o objetivo do Wyst: eternizar diversos momentos para um mesmo lugar.
No final das contas, o app une a interatividade e a velocidade do digital com as memórias e emoções intangíveis da vida offline. É uma mistura interessante e que tem tudo para dar certo. Iker e Yago  conversaram com a Galileu para explicar mais sobre a ideia. “O conceito do Wyst é que vai reger a próxima geração de redes sociais”, eles cravam. Confira abaixo como foi entrevista.
Como surgiu a idéia de criar o Wyst?

Iker e Yago:
Nós tivemos a idéia há uns dois anos. Estávamos andando pelo Madison Square Garden, em Nova York, visitando uma exposição de arte temporária que acontece lá todo verão. Curtimos tanto a exibição que ficamos chateados pelo fato que dali a algumas semanas não haveria mais nada exposto e quem passasse por ali no futuro jamais ia saber da beleza que estávamos presenciando naquela hora. Então pensamos: “não seria ótimo congelar esse momento?”. E foi assim que o Wyst surgiu: uma plataforma que revela histórias escondidas.

Por favor, explique qual a diferença entre Wyst e as redes sociais que nós já existem por aí.
Iker e Yago: A principal diferença é o foco em revelar as histórias secretas dos lugares. Com o passar do tempo, nós reparamos que todo local tem uma história própria: uma camada de experiência humana que às vezes passa despercebida. Mas esse acúmulo de experiências humanas é extremamente rico. Em cada locação, eventos fascinantes aconteceram, dos mais espetaculares aos mais discretos. Pessoas se apaixonaram, marcharam em protestos, proclamaram discursos – momentos históricos e situações absurdas e aleatórias aconteceram. Coisas tristes, coisas confusas, mas sempre coisas interessantes ocorreram.

O Instagram serviu de modelo para vocês?
Iker e Yago: O Instagram é ótimo e perfeito para o que eles se propõem a fazer...mas a sua experiência com o aplicativo será a mesma, você estando em Nova York ou em São Paulo. Com o Wyst, se eu andar 10 quarteirões a partir de onde eu estou escrevendo esse e-mail agora, o conteúdo que eu vou visualizar será completamente diferente – o lugar mudou, então as histórias também mudam. Nenhuma rede social está fazendo isso.
Você dizem que o Wyst é a nova mensagem na garrafa. Por que?
Iker e Yago: Imagine que você está em Nova York e que você conhece a história da Estátua da Liberdade. Você vai lá, tira uma foto e cria um post no Wyst sobre o fato da estátua ser um presente da França para os EUA e daí por diante. Você sai de lá e segue sua vida. Um belo dia, eu passo pela Estátua da Liberdade e vejo que você criou um wyst daquele local – ver a mensagem que você deixou faz com que eu veja a estátua com outros olhos, enriquece minha experiência. É disso que o Wyst trata: mensagens deixadas para trás e achadas pelas pessoas depois de um tempo.
Editora Globo
Escreva o post, diga aonde você está, e escolha aonde compartilhar //Crédito: Divulgação
Qual é o futuro das redes sociais?
Iker e Yago: Não é segredo pra ninguém que a geolocalização está no centro da inovação dos dias de hoje. O interessante é que as startups desse ramo sempre focaram em dados voltados para e-commerce: aonde comprar uma roupa, aonde comer, essas coisas. As startups sempre ignoraram o outro lado da moeda digital: os fatores sociais e emocionais que tornam nossa vida verdadeiramente mais rica. As memórias por trás dos locais. É aí que o Wyst entra. Nós achamos que o princípio do Wyst vai estar na dianteira das mídias sociais dos próximos anos.
Na opinião de vocês: qual a melhor e a pior coisa do Facebook?
Iker e Yago: O Facebook virou uma ferramenta essencial em nossas vidas digitais. É um ótimo exemplo de como a ideia de uma startup, quando perfeitamente executada, pode mudar o mundo. Facebook mudou a forma como vivemos – nunca estivemos tão conectados com as pessoas que amamos – e até com as que odiamos! Nós achamos que se há um setor do Facebook que pode ser melhorado é o aplicativo mobile deles. Ele poderia ser muito mais do que é. Mas agora que eles compraram o Instagram, sabemos que isso é questão de tempo.
A privacidade é um assunto recorrente quando o tema é rede social. Como o Wyst enxerga essa questão?
Iker e Yago: Por enquanto, todo o conteúdo do Wyst é público. Estamos desenvolvendo recursos para que o usuário possa escolher quem pode ver seus wysts, mas por enquanto todo o conteúdo compartilhado pode ser visto por qualquer usuário. Mas é importante dizer: nós não registramos a localidade da pessoa, um usuário não pode perseguir o outro. Só fica registrado que tal pessoa criou um wyst de algum local em algum momento.
Algumas pessoa usaram o aplicativo para taguear grafittis e outras manifestações de arte urbana. Quais outras funções já foram criadas para o Wyst?
Iker e Yago: Todo tipo de coisa. Alguns usam para registrar momentos íntimos como o pedido de casamento. Outros usam para experiências de viagem, com fatos históricos sobre cartões-postais, algo destinado a turistas que irão passar por lá no futuro.

Quantos usuários vocês têm atualmente? Como eles ficaram sabendo da existência do aplicativo?

Iker e Yago: Atualmente nós estamos com 34 mil usuários. Só em junho, nosso aumento foi de 34%, o que é ótimo! Esse crescimento se deve ao boca a boca, mas é claro que uma entrevista aqui, outra ali (como essa que eu acabo de dar) também ajuda!

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