sexta-feira, 3 de abril de 2009

Cazuza "O tempo não para"




Agenor Miranda de Araújo Neto, ou simplesmente Cazuza, nasceu no Rio de Janeiro, em 4 de abril de 1958, numa família de classe média, filho da costureira Lucinha Araújo e de João Araújo, produtor fonográfico da Odeon e fundador do selo Som Livre. O fato de o pai ser um conhecido produtor musical foi determinante para que Cazuza crescesse ouvindo, sobretudo, música brasileira. Nos anos 70, entretanto, descobriu o rock’n’roll durante uma temporada em que viveu na Inglaterra e tornou-se fã de grandes ídolos do movimento, como Janis Joplin e Led Zeppelin.

Demorou algum tempo para perceber que seria a música o seu caminho. Antes de se dar conta do fato, trabalhou na Som Livre, estudou fotografia e atuou em peças de teatro, onde, aliás, descobriu sua real vocação.

A juventude de Cazuza foi de boemia e agitada vida noturna. O jovem Agenor passou no vestibular, mas abandonou o curso de Comunicação apenas um mês depois de tê-lo iniciado.

Morou nos EUA e quando voltou, em 1980, o amigo Léo Jaime o apresentou para algumas pessoas que se tornariam seus maiores parceiros na carreira: Roberto Frejat (guitarra), Dé (baixos), Maurício Barros (teclados) e Gutti Goffi (bateria), todos integrantes da banda Barão Vermelho, um dos maiores sucessos da primeira metade dos anos 80, da qual Cazuza foi o vocalista.
O compositor Cazuza já começava a mostrar seu talento. O lado poeta do artista juntava-se ao cantor talentoso, ao jovem rebelde e ao assumido bissexual. Suas letras falavam de dor, sofrimento, angústias e paixões e as melodias misturavam baladas, blues e rock. Essa combinação obteve forte impacto e a banda explodiu, anos depois, nas paradas.
O ano de 1985 foi determinante na vida de Cazuza. Ele decidiu abandonar o grupo e se aventurar em carreira solo com o álbum “Cazuza”. O repertório do disco é composto de parcerias com Ezequiel Neves, Leoni, Reinaldo Arias e claro, Roberto Frejat, de quem continuou amigo e parceiro até o fim da vida.
A bem sucedida carreira solo teve cinco discos em quatro anos, shows mais bem elaborados e público cativo. Cazuza já sabia, nessa ocasião, que estava doente. Um novo exame confirmou o vírus da Aids. Cazuza foi o primeiro artista brasileiro e um dos poucos, até hoje, a confirmar publicamente seu estado de saúde, colaborando, assim, para a campanha de conscientização sobre a doença e seus efeitos. Uma grande revista de circulação nacional explorou o estado do cantor, estampando na capa sua foto e as conseqüências desastrosas que a doença provocava na aparência das pessoas. Essa capa e o conteúdo da matéria gerou grande polêmica e discussão ética na imprensa nacional.

A maneira como encarou e se posicionou em relação à Aids fez dele um símbolo de luta e amor à vida. Shows, discos e internações para tratamento passaram a fazer parte de sua vida e de sua obra. O disco “Ideologia”, de 1987, falava de suas experiências com a perspectiva da morte, além de tocar em assuntos relacionados a questões sociais do país, uma preocupação constante no trabalho do letrista.
Após sua morte, no Rio de Janeiro, aos 32 anos, em 07/07/90, Lucinha Araújo, sua mãe, criou a Sociedade Viva Cazuza, que ampara e dá apoio a crianças portadoras do vírus HIV.

Em 1991, Ezequiel Neves produziu um disco póstumo com gravações de Cazuza, que haviam ficado fora de discos anteriores, o álbum “Cazuza Por Aí”.

Nenhum comentário: