terça-feira, 14 de abril de 2009

Barriga de cerveja verdade ou mentira?




A pergunta que não quer calar: cerveja dá barriga? A tão famosa barriguinha de cerveja não passa na verdade de um mito.

Sempre apontada como a culpada por aquele indesejável acúmulo de gordura na região do abdômen, a cerveja não é a vilã da história. Para esclarecer a questão e deixar os apreciadores da bebida tranqüilos, a nutricionista da Equilibrium Acontece, Ana Luíza Baldan, revela: “a cerveja não causa barriga”. Alívios a parte, é preciso tomar cuidado com a quantidade e os acompanhamentos.

Ana Luíza diz que, apesar de se tratar de uma bebida fermentada, uma lata de cerveja por dia não engorda nem tampouco causa a indesejada barriguinha. “O problema é o consumo associado”, ressalta. Ela quer dizer que dificilmente uma pessoa toma apenas uma lata de cerveja. Normalmente a bebida vem acompanhada de aperitivos, geralmente uma fritura, e essa é a questão.

O nutrólogo Alexandre Merheb diz que é impossível mensurar a quantidade de cerveja que pode causar a indesejável barriguinha. “Cada organismo responde de uma maneira diferente ao consumo de bebida”, explica. No entanto, ele alerta que as pessoas acostumadas a beber com muita freqüência são fortes candidatas a acumular gordura na região do abdômen. O nutrólogo diz que não é possível afirmar que a “protuberância abdominal” possa ser causada exclusivamente pelo consumo de cerveja.
O instrutor da academia Competition, Carlos Eduardo do Carmo, concorda que a cerveja não pode ser considerada a vilã da história. Cita que o problema é comer e beber ao mesmo tempo. Além da gordura presente nos acompanhamentos, deve-se pensar na quantidade que se bebe. “As calorias presentes na cerveja são praticamente as mesmas presentes no suco de laranja, mas ninguém toma dois litros de suco de laranja por dia”, brinca. Ele diz que beber com moderação é um fator que contribui.

Dr. Merheb diz que o consumo de cerveja tende a piorar a dilatação da região intestinal. Segundo ele, isso se deve à ingestão errada de alguns alimentos que podem fermentar e provocar o aumento da alça intestinal. Ele diz que o consumo de bebidas gasosas como refrigerantes e cervejas pode potencializar esses efeitos. “A cerveja é rica em carboidratos, o que também contribui para aumentar o acúmulo de gordura na região do abdômen.”

A nutricionista reforça que o ideal é uma lata por dia, isto é, 350 ml de cerveja. Ela diz que um estudo feito recentemente na República Tcheca, um dos maiores países consumidores de cervejas, revela que a bebida possui valores nutricionais importantes para a saúde do ser humano. Segundo Ana Luíza, a pesquisa foi realizada com homens e mulheres e os candidatos foram divididos em três grupos: os que bebem uma lata de cerveja por dia, os abstêmios e os que bebem mais de uma lata por dia. Não deu outra: a cerveja é benéfica, desde que observado o consumo moderado de uma latinha por dia.

A cerveja possui fibras solúveis, em quantidade semelhante à encontrada no sumo de laranja. Essas fibras regulam os níveis de colesterol e glicose presentes no organismo; além disso, regulam o peristaltismo do intestino. Ana Luíza reforça que a cerveja também possui vitaminas do complexo B, que são importantes na dieta nutricional diária, e silício. Ela diz que a maior concentração de silício na alimentação provém da cerveja. Na bebida, o silício aparece na forma bioativa – que é mais bem absorvido pelo organismo – o que facilita a mineralização dos ossos, evitando a osteoporose. Fora esses benefícios, a cerveja contém vitaminas e minerais.

Segundo a nutricionista, um dos importantes fatores apresentados no 2º Simpósio de Saúde e Cerveja realizado em Bruxelas em 2001, foi a ação antioxidante da cerveja, principalmente aquela produzida com malte de cevada. O estudo comprova que cervejas com alto teor antioxidante possuem grande quantidade de polifenóis.

No entanto, Ana Luíza lembra que esses valores nutricionais se aplicam somente se houver um consumo moderado e se estiverem incluídos na quantidade de calorias de uma dieta equilibrada. A base calórica para um adulto de 1,70 m e peso adequado ao seu tipo físico é de duas mil calorias, em média.

Quanto a harmonizações, Ana Luíza diz que o que pode ocorrer é que uma cerveja mais lupulada – e conseqüentemente mais calórica – normalmente é harmonizada com um prato mais gorduroso. Esse é o motivo pelo qual pode haver um acúmulo de gordura. “Mas é neste sentido que engorda”, diz a nutricionista.

Carlos Eduardo aponta dois fatores importantes para manter uma vida saudável sem abrir mão da cervejinha no final do dia: primeiro, uma alimentação balanceada. “Isso inclui beber com moderação e tomar cuidado com o que se come junto com a cerveja”, diz. Segundo, praticar atividade física é essencial. O professor diz que devemos combinar musculação, com o objetivo de acelerar o metabolismo do corpo, com atividade aeróbica, para otimizar a queima de gordura e acelerar o processo. Dr. Merheb diz que ficar livre da barriguinha não é tão difícil. “Manter uma alimentação balanceada e praticar atividade física já é suficiente”, diz.

O instrutor confirma que o acúmulo de gordura na região do abdômen é um dos mais prejudiciais para a saúde, pois a gordura abdominal constitui um importante fator de risco em relação a doenças cardiovasculares.

Dos dois tipos de gordura existentes, a subcutânea e a intra-abdominal, esta última é mais perigosa, uma vez que está localizada entre os órgãos. No caso dos homens, o acúmulo de gordura na região abdominal é mais comum do que nas mulheres. Nelas, por sua vez, a gordura se localiza principalmente nas coxas e nos quadris.

Quanto ao melhor método preventivo para evitar a barriguinha e não abrir mão do happy hour, Carlos não tem dúvida: tirar o pastelzinho do cardápio. “O ideal é tomar cerveja com alguma porção de carboidrato. É muito menos calórico se comparado ao açúcar e à fritura”, diz. Para isso, ele sugere uma porção de carne grelhada como acompanhamento da cerveja. Ana Luíza alerta que é importante, de qualquer maneira, evitar beber de barriga vazia. Caso contrário, o happy hour pode se transformar em sad hour.

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